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FLÁVIO SABOYA: A DIFERENÇA ENTRE AUSTRÁLIA E NOVA ZELÂNDIA É O HOMEM

Referências em produção agropecuária e no uso de alta tecnologia, a Austrália e a Nova Zelândia podem servir de exemplo para o Brasil em diversas áreas, especialmente para o Nordeste e o Ceará, onde as características de recursos hídricos e pluviosidade são até menores do que as do nosso Estado, o grande diferencial é a consciência do homem , disse o Presidente da federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará- FAEC, Flávio Viriato de Saboya que participou de uma missão técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) aqueles países durante 10 dias, entre 4 e 13 de abril.
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Flávio Saboya disse que a Austrália desenvolve uma ovinocultura de grande significado. Algumas fazendas chegam a ter até 21 mil cabeças, ” mas o que mais nos impressiona é que as condições hídricas de lá são equivalentes às nossas aqui no Nordeste , com uma média de pluviosidade anual nessa propriedade em torno de 500 mm . Eles exportam animais vivos e carne ovina para os países do Oriente Médio , o que nos leva a concluir que a resposta para esse sucesso é uma só: o homem adota tecnologias, destacando- se invariavelmente, a reserva alimentar animal com feno e silagem, destaca Saboya. Segundo ele, essa é uma ação rotineira na vida dos criadores porque eles sabem que é uma questão de sobrevivência.. A FAEC vem defendendo a reserva alimentar animal há vários anos, inclusive propondo um seguro nesse sentido para o produtor,lembrou.

O presidente da Faec observou também que em qualquer imóvel rural da Austrália, encontram- se cisternas com capacidade de acumulação de 30 mil litros, muitas vezes em tamanho maior do que a própria residência familiar garantindo assim, o acúmulo das chuvas que também são escassas naquele país. Ele pretende repassar as experiências que conheceu aos produtores, através de uma reunião no Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense- AGROPACTO, promovido quinzenalmente pela FAEC, e que reúne os diversos segmentos da agropecuária.

A viagem começou pela Austrália, com uma visita a uma exposição agropecuária, focada em bovinos de corte e ovinos. Em Sidney, o grupo do SENAR fez contatos com membros de entidades ligadas à cadeia de carnes e na cidade de Daylesford conheceu uma fazenda com tradição de 100 anos na produção de lã fina, um dos maiores criatórios de ovinocultura do Estado de Victoria. Uma propriedade de ovinos da raça Merino, criados em regime extensivo, numa região de alta deficiência hídrica, também esteve no roteiro.

Em Auckland, na Nova Zelândia, a missão técnica do SENAR fez uma excursão para a Região de Waikato. Lá, acompanhados por um representante da “Livestock Improvement” – LIC (Melhoramento de Gado da Austrália – Inseminação Artificial em Gado de Leite), os brasileiros conheceram uma fazenda com mais de 330 vacas leiteiras e um haras Zelândia , que lidera a criação da raça Puro-Sangue Inglês na Bica Zelândia . O compromisso de encerramento nessa região foi no Instituto de Tecnologia de Waikato (WINTEC), em Hamilton.

Na área de North Canterbury, no leste da Nova Zelândia, eles visitaram uma fazenda de alta qualidade, com 10 mil hectares e que atualmente conta com 15 mil carneiros e 1,5 mil cabeças de gado. Em Mid-Canterbury, outra fazenda, especializada na produção de cordeiro prime, que conta com três mil ovinos, 600 cabeças de gado e 450 acres (aproximadamente 182 hectares) de cultivo. Também houve uma parada em uma propriedade de pecuária leiteira, com uma unidade de produção com mil vacas e instalações de alta tecnologia. A última etapa do roteiro foi em Christchurch, onde a comitiva foi recebida na Universidade Lincoln.

Para o Presidente da FAEC , o segredo da alta produção de leite na Nova Zelândia é o sistema criação pasto a pasto que vem sendo desenvolvido com muito sucesso aqui no Ceará na região do médio e baixo Jaguaribe, colocando o Ceará em destaque como o terceIro maior produtor de leite do Nordeste. Apesar dos três anos seguidos de seca, conseguimos uma produção estável de mais de 1 milhão de litros de leite/dia.

Parcerias para os Centros de Excelência

A delegação do SENAR foi composta pelos superintendentes do SENAR em Goiás, Euripedes Bassamurfo da Costa; em Mato Grosso do Sul, Rogério Tomithao Beretta; no Pará, Walter Cardoso; no Rio Grande do Sul, Gilmar Tietböhl; no Espírito Santo, Neuzedino Alves Victor de Assis; e em Santa Catarina, Gilmar Antônio Zanluchi. Além deles, participaram da viagem o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC), Flávio Viriato de Saboya Neto; o superintendente adjunto da Bahia, Humberto Miranda Oliveira; e a chefe da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura (Mapa), Tânia Mara Garib.

O chefe Departamento de Inovação e Conhecimento (DIC) do SENAR, Luis Tadeu Prudente Santos, que também estava na comitiva, explica que o grupo foi conhecer experiências exitosas e articular contatos com diversos parceiros internacionais. “Tivemos a oportunidade de conhecer novas tecnologias aplicadas na produção animal e, também, as diversas iniciativas adotadas para garantir uma formação de excelência e a capacitação dos produtores e trabalhadores rurais. Vamos apresentar o projeto dos Centros de Excelência do SENAR, especializados em cadeias produtivas e gestão, que esperamos enriquecer, ainda mais” conclui.