Com a finalidade de discutir e aprimorar o projeto de desenvolvimento da Pecuária Leiteira do Ceará, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho- SEDET, através do secretário executivo Silvio Carlos Ribeiro, reuniu nesta terça-feira, 16,na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará-FAEC, uma comissão mista de representantes da cadeia produtiva do leite no Estado do Ceará, que elaborou uma proposta de revigoramento da atividade e já entregue ao Secretário Maia Júnior. Na ocasião, o grupo fez o encaminhamento de novas propostas já que somente a elevação da pauta do leite dos produtos provenientes de outros estados e países aprovada em 2018 pela SEFAZ, não foi suficiente para solucionar os problemas que vêm passando, com uma super produção, e sentindo a falta de estruturação de mercado para o escoamento dessa produção.
Hoje, o Ceará é o segundo produtor de leite do Nordeste, mas o cearense ainda consome pouco leite e poucos derivados e nós queremos aumentar a competitividade do setor lácteo e uma das maneiras é a defesa comercial contra importações desleais , competitividade (desoneração tributária), oferta de assistência técnica , disse um dos signatários do documento, o vice-presidente regional da FAEC na Região do Sertão Central e Presidente do Sindicato Rural de Quixeramobim, Cirilo Vidal
Na ocasião foram apresentadas outras demandas do setor como a valorização do produto cearense, acompanhado de uma campanha de marketing tipo “Compre da Gente,” visando divulgar o que se produz no Ceará no setor de lacticínios , a criação do Mercado do Queijo, um ponto de referência para comercialização do produto e ainda , a criação de um Fundo para a agropecuária e a isenção do ICMS para o queijo mussarela.
Ainda com relação a produção de leite, segundo Cirilo Vidal houve incentivo por parte do governo e algumas prefeituras ao melhoramento genético do rebanho, gerando aumento de producão e esqueceram de trabalhar a questão da industrialização, hoje só temos praticamente duas industrias no Estado. Então , precisamos de revitalização dos pequenos lacticínios, para que eles possam também comprar o leite do produtor fabricando inclusive queijo, disse Cirilo.
A reunião ocorrida na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará – FAEC – contou com as presenças do presidente Flávio Saboya, do vice- presidente de administração Carlos Bezerra, do Presidente da Câmara Setorial do Agronegócio da ADECE, Amilcar Silveira e da Câmara do Leite, José Antunes Mota, e ainda dos presidentes dos Sindicatos Rurais de Quixeramobim, Cirilo Vidal e de Quixadá, Fausto Fernandes, todos signatários da Comissão . Os presentes foram unânimes em afirmar disseram que para serem competitivos é necessário reduzir o custo do produto , pois o produtor já tem um custo elevado e na hora de vender o leite sobra muito pouco ou nada.
Principais demandas do Setor
No documento entregue pelo Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará-FAEC, Flávio Saboya ao Secretário Maia Júnior em fevereiro deste ano, a Comissão Mista , sugeriu a necessidade de um programa de revitalização para os pequenos lacticínios do Ceará uma maior fiscalização do queijo mussarela proveniente de outros estados, sem nenhuma fiscalização, aumento da quisição de leite pelo Programa Estadual-PAA-Leite, a regulamentação da Lei No 15.910 , de 11 12/2105 do Estado, para aquisição de leite e derivados no mercado institucional, melhor aparelhamento e fiscalização dos produtos e subprodutos de outros estados e a implantação do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Aninal (SUISB-POA), que padroniza e harmoniza os procedimentos de inspeção pra garantir inocuidade e segurança.
PECUÁRIA DE LEITE NO CEARÁ
A Bovinocultura de Leite no Ceará é a atividade que mais gera benefícios econômicos e sociais para o semiárido cearense. O segmento leiteiro é alavancado, principalmente, pelo consumo de lácteos no Estado e na região Nordeste, e, a consequente expansão das unidades industriais. Evidenciando este dinamismo, o volume de leite produzido no Ceará cresceu de 158,5 milhões de litros no ano de 1990 para 577,9 em 2017, um aumento 265% no período, com crescimento médio anual de 7,9%, enquanto o Brasil cresceu 5,1% e o Nordeste 3,9% no mesmo período.
O leite é o produto do agronegócio cearense de maior valor da produção, cerca de de R$ 743 milhões em 2017, sendo o 2º do Nordeste e 10º do País e, mais importante do que isso, o leite movimenta a economia das pequenas cidades do interior, ajuda na distribuição de renda e gera empregos permanentes no meio rural, sendo produzido em todos os 184 municípios do Ceará, sendo também um dos mais promissores setores da agropecuária cearense.
Todavia, apesar de ser uma atividade secular e com forte presença no meio rural, o longo período de exploração leiteira no estado do Ceará não foi suficiente para que a bovinocultura se desenvolvesse por completo, sendo, de forma geral, uma atividade ainda explorada pela maioria de produtores em baixos níveis de tecnologia e de eficiência.
A nossa região atravessa uma crise econômica com reflexos perversos na produção agrícola, com o Ceará enfrentando cinco anos seguidos de chuvas abaixo da média, de 2012 a 2016, forçando a descapitalização das unidades produtivas. Algumas ações direcionadas à cadeia produtiva do leite em andamento no estado do Ceará, são executadas de forma isolada por diversas entidades ligadas à atividade, e por isso pouco impactantes.
Enquanto não se mudar este quadro de consolidação do setor em prol de uma agenda estratégica ampla que contemple os anseios do setor, é necessário que as diversas entidades públicas e privadas unam esforços e estabeleçam um pacto garantindo o desenvolvimento dos pequenos, médios e grandes produtores, laticínios, indústrias e comércio varejista. Os resultados esperados serão a geração de empregos, renda e arrecadação de tributos, desenvolvendo o sistema e melhorando sua competitividade frente aos demais estados produtores do Nordeste, e, desta forma, a bovinocultura de leite cearense dará um grande salto quantitativo e qualitativo.