Sistema FAEC/SENAR/SINRURAL

Eduardo Campos anuncia que assumirá pessoalmente a condução da política agrícola

 

O candidato Eduardo Campos recebe o documento com prioridades do setor do Presidente da CNA, João Martins/ Crédito: Fábio Pozzebom
O candidato Eduardo Campos recebe o documento com prioridades do setor do Presidente da CNA, João Martins/ Crédito: Fábio Pozzebom

O candidato do Partido Socialista Brasileiro (PSB) à presidência da República, Eduardo Campos afirmou que assumirá, pessoalmente, a condução da política agrícola, fortalecendo o Ministério da Agricultura, além de propor novos projetos em setores como hidrovias e ferrovias para reduzir os custos de produção do agricultor. Em sua exposição no “Encontro dos Presidenciáveis-2014”, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Campos também anunciou que, caso seja eleito presidente, dará prioridade à adoção de mecanismos que garantam mais recursos para o SEGUROagrícola, que, atualmente, cobre apenas 9% da produção de grãos do país.

Diante de uma plateia formada por produtores, empresários e lideranças do setor agropecuário, além de políticos e representantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), ele enumerou cinco eixos básicos de seu governo, voltados para a retomada do crescimento econômico e o fortalecimento do agronegócio. Esses cinco eixos prioritários terão por objetivo melhorar a renda do agricultor, modernizar a arcaica infraestrutura de transportes do país e a buscar uma política econômica capaz de aumentar as exportações brasileiras e do agronegócio em particular.

O Brasil, disse o presidenciável, “não pode fazer conta de palito” na hora de dar subsídios aos produtores rurais. No seu entender, a política de crédito precisa ser “menos política e mais técnica, com ações de Estado aplicadas por pessoal de reconhecida capacidade gerencial”. No caso da fixação dos preços mínimos, Campos defendeu uma postura institucional e republicana do governo. O valor do preço mínimo precisa dar ao agricultor as condições  mínimas de rentabilidade, sempre  num ambiente de segurança jurídica e sem conflitos sociais.

Carga tributária – A elevada carga tributária brasileira recebeu críticas do candidato. Ele a considerou desproporcional em comparação com os péssimos serviços prestados à população pelo poder público. Em sua opinião, a sociedade brasileira sente-se “pagando algo parecido com um HOTEL de cinco estrelas e se hospedando em um de meia estrela”.  Para Campos não é aceitável impor uma carga tributária equivalente a 37% do Produto Interno Bruto (PIB) à população sem a contrapartida de melhorias em áreas essenciais como educação, saúde, segurança e transportes.

O agronegócio brasileiro é o segmento que está garantindo o equilíbrio da balança comercial brasileira, lembrou. Apresenta elevados índices de produtividade, inovação tecnológica, com o cuidado de preservar o meio ambiente. “A agropecuária representa hoje 23% do PIB do país, 42% das exportações, mesmo com os produtores enfrentando elevados custos de produção provocados pela falta de boas hidrovias e ferrovias”, destacou. Para ele, o sistema baseado no uso intensivo de rodovias no transporte de grãos, adotado no século passado, está superado e precisa ser remontado com  rapidez e inteligência.

Problemas reais – Os problemas reais da agricultura brasileira, na visão do candidato socialista, passam pela melhoria na oferta do crédito ao produtor, segmento muito prejudicado pela burocracia e os elevados custos de produção. Outro problema citado pelo candidato refere-se às barreiras legais que impedem um volume ainda maior das exportações brasileiras de grãos. O candidato entende que, para superar tais gargalos, será preciso adotar uma agenda do futuro, incluindo temas como a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente, a paz no campo e a justiça social. Campos defendeu uma postura do governo no cenário internacional, saindo da camisa de força que o Mercosul, estabelecendo novos acordos bilaterais e multilaterais capazes de abrir novos mercados para produtos brasileiros.

Código Florestal – Ao responder a perguntas específicas da CNA, Eduardo Campos afirmou que daria prioridade a projetos de construção de hidrovias, executados por meio de concessões ou de parcerias público privadas (PPPs). No entanto, ressaltou que os projetos precisam ser feitos respeitando o meio ambiente e levando em conta o impacto econômico das proposições.

Indagado sobre sua posição a respeito das dificuldades enfrentadas pelo setor agrícola na regulamentação do novo Código Florestal, aprovado no ano passado pelo Congresso Nacional, Eduardo Campos disse que o Código segue sendo contestado por Organizações Não-Governamentais (ONGs) e até mesmo por segmentos do setor produtivo, mas só existe um caminho a ser seguido: cumprir a legislação em vigor, sem ceder a pressões de quaisquer grupos.

No encerramento de sua participação no evento, o candidato recebeu do presidente da CNA, João Martins da Silva Júnior, um exemplar do documento “O que esperamos do próximo presidente, 2015-2018”, elaborado pela entidade em parceria com as federações estaduais e outras entidades representativas do agronegócio. Neste momento, Campos fez questão de chamar ao palco sua companheira de chapa,  Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente.