“Estamos com a Assistência Técnica e Gerencial do Senar recebida pela primeira vez, que eu conheço, no estado do Ceará, na cultura do coco. Não existia ninguém que desse essa assistência técnica nessa atividade na nossa região. Veio o Senar, em 2019, e formamos um grupo de 20 produtores e hoje o grupo aumentou para 30 pessoas, e estamos muito melhor na nossa produtividade, nas nossas receitas, em relação a administração da nossa propriedade”.
O depoimento è do produtor de coco do município de Trairi, no Ceará João Freire.
A metodologia do trabalho da ATeG é realizada em parceria com o Programa AgroNordeste do Ministério da Agricultura e compreende cinco etapas, durante dois anos visando o desenvolvimento integral da propriedade, por intermédio do aumento da produção, da produtividade e também do lucro do produtor, diz o coordenador do programa, o Engenheiro Agrônomo Eduardo Barroso. Ele explica que a grande dificuldade do produtor era ter um técnico pelo menos uma vez por mês em sua propriedade, lhe orientando inclusive num plano de negócio., com a correta aplicação dos recursos e focando na área onde ele mais precisa.
Vale ressaltar sempre que o SENAR oferece a Assistência Técnica e gerencial sem nenhum custo para o produtor e, que atualmente, estão formados 48 grupos de 30 produtores cada, totalizando 1.440 produtores em diversas cadeias produtivas.
SOBRE A CULTURA DO COCÔ
As chuvas registradas no Ceará na segunda metade do ano impulsionaram a produção de coco em cerca de 20%. Com o ritmo atual, o volume produzido pelo Estado alcançaria dois milhões de toneladas por ano, apontou o presidente do Instituto ECoco do Brasil, Bezerra de Menezes
Atualmente, há quase cinco mil hectares plantados que empregam cerca de 200 mil pessoas direta e indiretamente. “O Ceará é o segundo estado brasileiro com a maior produção de coco, perdendo apenas para a Bahia. Sergipe fica em terceiro lugar”, aponta .
Com o aumento da produção e o avanço de tecnologias voltadas para o desenvolvimento desse setor, o presidente da entidade revela que os produtores cearenses devem começar a exportar já em 2020. “Uma película que aumenta a vida útil do coco para até 40 dias deve possibilitar esse novo passo. É uma tecnologia que foi desenvolvida pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e que já está sendo utilizada na Bahia, onde a exportação já iniciou”, detalha.
O projeto para exportar o coco está sendo apoiado pela Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). “Ano que vem, já vamos iniciar o processo, utilizando a expertise dessas duas entidades”, destaca Menezes.
Produtos
Ele acrescenta que, entre os produtos fabricados a partir do coqueiro, é possível conseguir um leque de 200 itens. “É fantástico. Nós o chamamos (o coqueiro) até de árvore da vida, porque se aproveita tudo. Além da água, nós temos o óleo de coco, suco de coco, farinha, gordura do coco, bem como a utilização dos resíduos para o segmento não comestível”, afirma.
Sobre as partes que costumam ser descartadas pela população, ele revela que a partir delas são fabricadas peças de artesanato, isolantes térmicos e acústicos, mantas, revestimentos, vasos, bem como pulseiras, botões, bancos, entre outros. “Nos anos 1960, o estofado do Fusca era fabricado a partir da fibra do coco. Hoje, a Mercedes Benz voltou a fabricar para os (veículos) semi pesados”, diz o presidente do Instituto ECoco do Brasil.
AgroNordeste
O Plano de Ação para o Desenvolvimento do Nordeste (AgroNordeste) em conjunto com a ATeG do SENAR também vai beneficiar o segmento, na medida que ajude a incorporar os produtos derivados do coco no dia a dia da população, estima Menezes.”Esperamos que itens como a água de coco, suco do coco, óleo do coco, entre outros, sejam inseridos na merenda escolar a partir do AgroNordeste”, afirma.