O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, e o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, anunciaram nesta quarta (8), na sede da entidade, uma série de ações para combater a criminalidade no campo.
Martins e Jungmann assinaram um protocolo de intenções que prevê que o Grupo de Trabalho Bilateral, criado pelo ministério em parceria com a CNA, realize estudos, trace um diagnóstico do problema e proponha soluções conjuntas de combate a crimes, como roubos de gado, assaltos e furtos nas fazendas.
O ministro aproveitou o evento e convidou a CNA para participar do Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social que será instalado ainda neste mês. “A criminalidade no campo sempre foi um vazio na nossa história. Não temos estatísticas desses crimes, logo, não temos políticas de prevenção e combate, muito menos ferramentas. Precisamos focar as ações e trabalharmos juntos”, disse.
O presidente da CNA afirmou que com o passar dos anos os produtores rurais foram se tornando cada vez mais visados por quadrilhas especializadas em roubo de gado, de maquinários e de defensivos agrícolas.
“Há muito tempo que a Confederação se preocupa com essa situação. Em 2017 criamos o Observatório da Criminalidade no Campo para levantar dados de ocorrências nas fazendas. E agora buscamos essa parceria com o Ministério da Segurança Pública para dar continuidade às ações”.
Martins enfatizou ainda, que devido ao medo, muitos produtores rurais não denunciam os crimes no campo. “Na medida em que nós dermos condições de protegê-los, e mostrarmos que a denuncia terá resultado, acreditamos que eles denunciarão”.
Raul Jungmann afirmou que com a parceria o setor terá uma política de combate ao crime e promoção da segurança no campo. “Precisamos garantir paz e tranquilidade ao homem que produz e exporta alimentos”.
Dentre os objetivos do protocolo de intenções assinado pelas duas instituições estão a inclusão do tema prevenção e controle da criminalidade no campo no Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social e a promoção da melhoria na qualidade da gestão das políticas sobre segurança pública e defesa social nas áreas rurais.
A coordenadora do Grupo de Trabalho Bilateral, delegada Sandra Mara Guaglianoni Neto, fez uma apresentação sobre os objetivos do colegiado e informou que os dados de crime no campo já estão sendo levantados junto aos Estados. “Nesse primeiro momento já percebemos que os defensivos agrícolas são o grande alvo de organizações criminosas”.
O secretário-executivo do Instituto CNA, André Sanches, destacou o trabalho do ICNA, que está desenvolvendo uma pesquisa de vitimização nas áreas rurais do país. “Nós vamos a campo para identificar a vulnerabilidade e a realidade dos produtores que estão sendo vítimas. A partir disso, teremos um amplo diagnóstico e poderemos sugerir medidas para subsidiar as autoridades para que possam controlar os crimes”.
Já o consultor em Segurança do Instituto CNA, Rodney Miranda, citou exemplos de alguns estados que já possuem patrulhamento rural e delegacias especializadas para atender esse tipo de crime. “Acreditamos que esses modelos podem ser adaptados para outros estados”.
Observatório – Com os dados da plataforma, o ICNA elaborou um estudo, que aponta o grave quadro de insegurança no meio rural e apresenta propostas para o combate e o efetivo enfrentamento de crimes que atinge produtores, familiares e trabalhadores rurais.
Para ler o estudo acesse: http://cnabrasil.org.br/estudos/estudo-sobre-criminalidade-no-campo