A convite da Federação da Agricultura Pecuária do Estado do Ceará –FAEC, o engenheiro agrônomo e pesquisador na área de fitotecnia da EMBRAPA Agroindústria Tropical, Afrânio Arley Montenegro apresentou o trabalho de pesquisa sobre “ Produção de Caju em sistema Superadensado “ na reunião desta terça-feira, dia 13, do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense- AGROPACTO.
“Estamos apresentando um novo sistema de produção de caju que ao contrário do convencional, que tem um adensamento com 204 plantas por hectare , esse novo sistema eleva o número de plantas por há para 833 cajueiros. Disse Arley Montenegro.
Segundo ele, o superadensamento pode aumentar em até três vezes a produção de castanha chegando de 3 a 4/ton por hectare e a do pedúnculo, de 30 a 40 ton por hectare. Ao exemplificar o superadensamento o pesquisador da Embrapa disse que em 2 hectares, seria necessário em média 1.700 plantas por hectare e no caju convencional, 408 plantas por hectare.
Ele informou ainda que em 2019, a média de produção do cajueiro não foi de pouco mais de 500 kg por hectare e no segundo ano do cultivo, chegou a ser produzido o triplo da média, ou seja, 1.666 kg de castanha por hectare.
Presente no AGROPACTO, o pesquisador aposentado da Embrapa, José Ismar Parente, disse que o Ceará é hoje responsável pela produção de 95.491 mil toneladas de castanha de caju, e que uma cultura tradicional no Estado , mas que precisa ainda de muito apoio cientifico.
Arley Montenegro informou que essa pesquisa se iniciou há três anos com 18 experimentos, mas ainda há necessidade de pelo menos mais 2 anos de pesquisa de campo.
Sabemos que uma plantação de caju leva 6 anos para se estabilizar na produção , então esses dados ainda são preliminares, mas eles já trazem um indicativo muito forte de boa produtividade, disse Arley.
É muito importante deixar claro que esse sistema de produção não veio pra competir com o sistema convencional até porque, nem todo produtor ou região consegue se adequar ao novo modelo e quando falamos sobre superadensamento, estamos falando sobre uma manejo diferenciado que acaba elevando os custos , mas traz excelentes resultados e frisou ainda, que além dessa produtividade, a pesquisa se preocupa com a distribuição da produção ao longo da safra sendo necessário para que se possa ser explorado o mercado do fruto de mesa em função da alta permissibilidade do produto.
DEBATES
Representando o Sebrae, o analista Paulo Jorge Mendes Leitão, sugeriu que a Embrapa trabalhasse com o caju orgânico, abrindo um novo mercado para vários produtos, incluindo também a cajuína, pois segundo ele, o preço do caju está muito desvalorizado.
A cajuína agrega valor ao caju, existindo ainda poucas cajuínas certificadas no Estado. Paulo Jorge disse ainda, que o Sebrae pode ser um aliado forte do produtor através do Programa Sebrae. O Banco do Nordeste tem os recursos disponíveis para apoiar os produtores de caju, disse a Gerente de Desenvolvimento Territorial do BNB, Francisca Jeânia , que na ocasião informou que o Banco está trabalhando a cadeia do caju mas sente que os produtores estão desestimulados. O Coordenador de Recursos Hídricos da SEDET, Erildo Pontes, sugeriu a Embrapa pesquisar a melhor distribuição da produção de fruto para o mercado de polpas.
O Presidente da FAEC, Flávio Saboya que coordenou o AGROPACTO disse que o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural- SENAR-CE, está trabalhando a cadeia produtiva do caju, em sete municípios, beneficiando 210 produtores rurais levando mais assistência técnica através de uma parceria com o Programa AGRONORDESTE do MAPA. O Superintendente do SENAR, Sérgio Oliveira da Silva, disse que ATeG está levando a esses produtores informações sobre produção de caju mesa, uso do pedúnculo para doces, cajuínas, tortas, e a produção de castanha.
A reunião do AGROPACTO foi realizada de forma presencial e virtual, transmitida online pelo facebook e instagram do Sistema FAEC/SENAR.