Existe cardápio para seres humanos e também para animais. Desde 2019 o produtor rural do semiárido tem à sua disposição um cardápio forrageiro, que lhe permite mais chances de sucesso, garantindo oferta de forragem o ano todo para seu rebanho.
O tema “Forrageiras para o Semiárido: Pecuária Sustentável”, foi apresentado nesta terça-feira, 24, na reunião quinzenal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense- AGROPACTO, pelos zootecnistas Ana Clara Rodrigues Cavalcante, Coordenadora Técnica do projetos “Forrageiras para o semiárido da Embrapa Caprinos e Ovinos – CNPO , e Giovani Rodrigues , técnico de campo do Projeto, pelo Sistema FAEC /SENAR. O supervisor do Projeto Forrageiras no Ceará, Eduardo Barroso, fez a conclusão da apresentação mostrando a viabilidade de disseminação do projeto entre os produtores.
O projeto é uma iniciativa da CNA, por meio do Instituto CNA e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A iniciativa foi implantada em todos os estados da região nordeste, além da região norte de Minas Gerais, onde conta hoje com 12 Unidades de Referência Tecnológica (URTs) representativas do semiárido brasileiro, sendo uma delas, na cidade de Ibaretama, no Ceará. O Projeto avalia o potencial produtivo e a adaptação das plantas forrageiras às condições climáticas do semiárido para recomendação de novas opções de fonte de alimento para os rebanhos. No Ceará, a URT é localizada no município de Ibaretama, na fazenda Triunfo.
Conforme disse a zootecnista da Embrapa o uso desse cardápio inclui mudanças de paradigmas na forma de condução da alimentação do rebanho, seja ele bovino ou caprino. Para tanto, a Embrapa desenvolveu um aplicativo orçamento forrageiro (htpp: orçamento forrageiro.cnpc.embrapa.br) que está disponível na plataforma digital do playstore As simulações do aplicativo permitem simulações personalizadas para cada propriedade, de acordo com o planejamento do orçamento levando em conta o número de animais, peso, a área , etc. O modelo é desenvolvido para cada propriedade, deve utilizar ferramentas de planejamento alimentar, que traga informações e facilite o processo de tomada de decisão em nível de gestão dos recursos alimentares da propriedade.
O cardápio forrageiro em teste nas 12 Unidades de Referência Tecnológicas, inclui 7 (sete) espécies de gramíneas anuais, 34 espécies de gramíneas perenes, 03 espécies lenhosas e 07 tipos de palma. O cardápio prioriza o que é mais relevante para o ambiente do semiarido como a tolerância à seca, produtividade máxima durante o período das chuvas , alta produção de folhas e de bom valor nutritivo e resistência às pragas e doenças.
Resultados da URT de Ibaretama
Os resultados obtidos pela Unidade Tecnológica de Ibaretama- URT, instalada em 2017, na Fazenda Triunfo, foram apresentados pelo zootecnista, Giovani Rodrigues Chagas, em uma área de um hectare, onde foram avaliadas 6 gramíneas perenes, 6 gramíneas anuais, 4 cactáceas e 2 plantas lenhosas. Os resultados mostraram que é possível um bom desempenho desde que manejado adequadamente. Lá foram desenvolvidos experimentos com gramíneas anuais sendo as cultivares de milho, sorgo e milheto com destaque para o sorgo ponta negro. Foi instalada inclusive, uma estação metrológica para monitorar o clima. Segundo Giovani, para implementar uma ação além do sorgo ponta negra, é necessário disponibilizar áreas produtivas com gramíneas perenes com grande destaque para o capim massai. Também existe a perspectiva de formação de poupanças forrageiras com a orelha de elefante mexicana (cactáceas) e a glirícidia (lenhosa), todos os 12 boletins técnicos das URTs do projeto forrageiras estão disponíveis no link: www.cnabrasil.org.br/projetos-e-programas/forrageiras-para-o-semiarido.
O engenheiro agrônomo Eduardo Barroso, supervisor do Projeto Forrageiras no Ceará, disse que um projeto como esse é que torna a pecuária do Nordeste sustentável, por isso, temos que levar esses resultados para o campo, fato que já estamos iniciando com os produtores atendidos pelo Programa AgroNordeste, onde o Senar está oferecendo a assistência técnica e gerencial. Ele anunciou, que em 2021, essa ação será ampliada com dias de campo para diversos produtores que se interessarem pela tecnologia.
Giovani disse que a URT de Ibaretama está aberta às visitas programadas com antecedência e mantendo o distanciamento social, e que ele está disponível para ajudar na implementação das ações. Informou ainda, que existem lives e vídeos nos canais do youtube da CNA, Embrapa e explicando os passos para implantação do programa forrageiras. Ele anunciou também, que o SENAR em cooperação com a Embrapa, vai montar um curso especifico sobre as forrageiras adaptadas ao semiárido. Informou ainda, que existem lives e vídeos nos canais do youtube explicando os todos os passos.
Próximos passos será disseminar o conhecimento
O presidente da FAEC e coordenador do Agropacto, Flávio Saboya que dirigiu os trabalhos da reunião , disse que o tema é extremamente importante para os produtores nordestinos, por isso, “vamos sugerir a CNA criar um conteúdo programático para disseminar os resultados já obtidos pelo Programa Forrageiras para o semiarido, nos demais municípios nordestinos. A zootecnista da Embrapa, informou que a tecnologia está prevista de ser validada no AgroNordeste e no programa INOVA Social, do BNDES.
A reunião foi transmitida pelo facebook do Sistema FAEC/SENAR contou com a participação presencial dos presidentes dos sindicatos rurais de Ibaretama, Carlos Bezerra, de Cascavel, Paulo Helder Braga, de Horizonte, Franzé Ribeiro, Francisco das Chagas Frota Almeida, de Monsenhor Tabosa, Eleneide Brilhante, de Barreira, diversos produtores rurais e representante do Sebrae, Paulo Jorge, do Senar: o superintendente, Sérgio Oliveira e os técnicos Carolina Machado, Henrique Matias, Eduardo Queiroz, Eduardo Barroso, Edvaldo Brito e Mariana Menezes.