Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará

Metade das dívidas está atrasada.

Produtores rurais querem nova renegociação para dívidas que não foram pagas em 2001. Quase metade das dívidas agrícolas renegociadas entre 2001 e 2003 estão vencidas. Diante desse quadro, a bancada ruralista tenta criar novas regras para os inadimplentes saldarem o valor, que chega a R$ 9 bilhões para a securitização e o Programa Especial de Saneamento de Ativos (Pesa). O novo prazo, no entanto, não vai garantir que seja feito o pagamento das dívidas que remontam às décadas de 80 e 90, com sucessivos planos econômicos, quando os juros eram livres e havia indexação na inflação. O valor da dívida (vencida e a vencer) soma R$ 20,4 bilhões. Mas o setor rural tem outros R$ 14 bilhões referentes ao Programa de Revitalização das Cooperativas (Recoop) e aos Fundos Constitucionais, onde também há inadimplência. Apenas no Nordeste, estima-se que 40% dos produtores não pagaram esses outros dois programas. Os pequenos produtores respondem por 48% do volume de contratos vencidos, porém por apenas 2% da dívida principal, de R$ 3,7 bilhões. Este débito refere-se àqueles que na última renegociação não conseguiram pagar cerca de 30% da dívida e, deste modo, não se enquadraram nas novas taxas de juros, que caíram para 3% a 5% ao ano. “Quem renegociou antes teve piores condições que aquele que só aderiu ao último pacote”, diz Luciano Carvalho, assessor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

No caso das dívidas securitizadas, na primeira negociação, em 1995, o prazo para pagamento era de 10 anos e os juros ficaram em 3% ao ano, com o débito em equivalência ao preço do produto. Na última negociação, em 2001, após o pagamento do percentual, pode-se prolongar o pagamento para 25 anos, mantendo-se os juros, sem equivalência ao preço do produto. Com isso, hoje o maior percentual de produtores que não têm condições de pagar está no grupo que em 2001 já era inadimplente: 35,4 mil contratos de R$ 3,7 bilhões. No caso do Pesa, a primeira negociação também ocorreu em 1995, com juros de 8% a 10% ao ano. Na última, em 2003, a taxa passou para 3% a 5% ao ano, desde que houvesse a quitação de parte da dívida. Nas duas negociações, o débito passou para o Tesouro Nacional e isso é motivo de controvérsia no setor. O valor passou a ser dívida fiscal, perdendo as premissas do Manual de Crédito Rural, que autoriza a prorrogação imediata em caso de frustração de safra. Fonte: Gazeta Mercantil edição de 18/04/2005.