Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará

Instalação de frente parlamentar em defesa da cajucultura é proposta na AL

A criação de uma frente parlamentar em defesa da cajucultura cearense foi uma das propostas apresentadas na audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa, por meio das comissões do Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido e de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, na tarde desta terça-feira (27/08). Durante o encontro, foi debatida a importância da cajucultura para a economia do Ceará e o incentivo à sua produção.

O deputado Romeu Aldigueri (PDT), autor do requerimento,  informou que pretende começar, ainda esta semana, a coleta de assinaturas junto aos outros 45 deputados para a implantação da frente parlamentar. Ele lembrou que o caju, assim como a carnaúba no passado, gera milhares de empregos no interior do estado. No ano passado, de agosto a dezembro, foram mais de 150 mil empregos, entretanto ressaltou que a produtividade do caju vem caindo. O Estado chegou a ter 10 indústrias de beneficiamento de castanha de caju, hoje são apenas três, citou. Ele ressaltou que é fundamental a mobilização da sociedade para apoiar a retomada desse segmento da economia.

Romeu Aldigueri disse que também já entrou em contatdo com deputados federais com o objetivo de movimentar a bancada cearense no Congresso Nacional, em Brasília, para tirar do papel o Fundo de Apoio à Cultura do Caju (Funcaju), criado pela ex-presidente Dilma Rousseff, em 2013. Segundo ele, o mais difícil já está feito, que é a Lei Federal 12.834, de 20 de junho de 2013, que criou o Funcaju. “O que nós precisamos agora é implementá-la, regulamentá-la, e fazer com que órgãos como o BNDES e BNB possam criar linhas de crédito para o produtor de caju, fundamental para que o setor possa se desenvolver”, afirmou.

O deputado Manoel Duca (PDT) lembrou que, em 2015, foi formada uma comissão com diversos produtores que entregaram ao governador eleito, Camilo Santana, uma carta com reivindicações e sugestões para o setor, mas que não foi adiante. “Essa discussão de hoje é importante porque esse documento deverá vir à tona e para que a gente possa levar adiante essa luta em prol do caju, um produto genuinamente cearense, assim como a carnaúba, farinha de mandioca e o coco, que precisa de atenção e apoio da Secretaria de Desevolvimento Agrário, declarou.

Para o presidente do Sindicato dos Produtores de Caju do Estado do Ceará (Sincaju), Paulo de Tarso Meyer, é inadimissível que uma cultura que chegou a colocar o estado do Ceará como maior produtor de castanha do Brasil e o País entre os maiores produtores do mundo esteja na situação em que se encontra hoje, com a produção em declínio. “A castanha de caju já ocupou o primeiro lugar na pauta de exportação do Ceará, hoje está em oitavo ou nono lugar, perdeu para outras culturas”, informou. Segundo ele, para o Ceará voltar a ser destaque na cajucultura, é preciso uma maior atenção no campo, plantar na hora certa, dar uma maior assistência técnica aos produtores rurais e investir em tecnologia e capacitação.

A falta de investimento no setor também foi apontada pelo presidente da Associação dos Cajucultores do Ceará (Ascaju) e presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Horizonte, Francisco José de Souza, como uma das causas do declínio da cajucultura no Ceará. “O último investimento pesado no setor da cajucultura aconteceu no final da década 1970, começo dos anos 1980, feito pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Hoje a produção do Ceará representa 53% da cajucultura do Brasil e, mesmo assim, a produção de caju no Brasil perde para o Vietnã, para a Índia e para a África”, observou.

Ele alertou para a importância de investir também no aproveitamento do pedúnculo do caju, porque hoje só é aproveitada a castanha. O restante do fruto, que representa cerca de 70%, é desperdiçado, mas poderia ser utilizado para a fabricação de subprodutos do caju e na merenda escolar.

Também participaram da audiência pública o deputado Nezinho Farias (PDT); Francisco Carvalho de Araújo, da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece);  José de Souza Paz, da SDA; Amilcar Silveira, presidente da Câmara Setorial do Agronegócio no Ceará; Antônio José Teixeira, presidente do Sindicato das Indústrias de Açúcar e de Doces e Conservas Alimentícias do Estado do Ceará (Sindicaju); Paulo Jorge Mendes, do  SEBRAE-CE; Emanoel Maia Mota, presidente do CREA;  Antônio Amorim, da Ematerce; Rodrigo Diógenes, da Federação da Agricultura e  Pecuária do Estado do Ceará, além de representantes da Secretaria do Meio Ambiente e produtores rurais dos municípios de Beberibe, Ocara e Redenção.

Matéria: Assembleia Legislativa do Ceará